quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Meu Olhar

     
     O meu olhar é nítido como um girassol. 
     Tenho o costume de andar pelas estradas 
     Olhando para a direita e para a esquerda, 
     E de, vez em quando olhando para trás... 
     E o que vejo a cada momento 
     É aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
     E eu sei dar por isso muito bem... 
     Sei ter o pasmo essencial 
     Que tem uma criança se, ao nascer, 
     Reparasse que nascera deveras... 
     Sinto-me nascido a cada momento 
     Para a eterna novidade do Mundo...


     Creio no mundo como num malmequer,
     Porque o vejo.  Mas não penso nele
     Porque pensar é não compreender ...

     O Mundo não se fez para pensarmos nele
     (Pensar é estar doente dos olhos)                  
     Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

     Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
     Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
     Mas porque a amo, e amo-a por isso,
     Porque quem ama nunca sabe o que ama
     Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
     Amar é a eterna inocência,
     E a única inocência não pensar...

Alberto Caiero

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